Cada um no seu quadrado de Eduardo Seiti Ao longo dos 10 anos que trabalhei como decorador em de balões na frente da Puma Balões (hoje com novo dono), o mercado ensinou muitos conceitos para a minha experiência profissional. E uma delas foi : Cada balão no seu quadrado! As técnicas de decoração surgiram mais fortes nos Estados Unidos na década de 90 e para ensiná-las surgiu um grande número de instrutores que migraram do mercado de flores. Estes instrutores vieram com fantásticos conceitos de decoração, experiência oriunda dos tempos das flores. Os únicos instrutores que não vieram das flores são os que faziam esculturas (twisting), que por sua característica, não existe algo similar nas flores. As aulas eram bem separadas, e até os eventos eram distintos. As revistas são ainda distintas. Por uma conjunção de fatores, as técnicas de esculturas foram introduzidas na decoração. A coisa ficou tão bonita que encantou os decoradores e se espalhou por todo os Estados Unidos e parte do mundo (menos no Brasil). Apesar dos gritos de alguns profissionais questionando esta mistura, estes realmente não foram ouvidos. Em poucos anos o mercado de decoração com balões dos EUA caiu brutalmente, o principal evento foi esvaziando (IBAC) até morrer de forma triste. A indústria teve quedas de vendas, reduzindo o mercado de decoração para algo insignificante, os instrutores iniciais foram praticamente expulsos, trocados por outros que fazem coisas "mais bonitas". Hoje, nos Estados Unidos, os maiores formadores de opinião não tem a noção do ofício da decoração. Explicação do que ocorreu : O Profissional de Esculturas (Twisting) Um profissional de esculturas deve ter muita animação, habilidade e ser cativante. As técnicas devem permitir que a sua habilidade seja visível e transforma coisas da realidade para balões de forma cômica, usa poucos balões com muito trabalho para ser mostrado. Recebe-se pela apresentação de um espetáculo, não pela quantidade de balões. Se fosse contar como venda de balão, nos Estados Unidos, cobra-se por uma flor com várias pétalas de 260 por mais de $50 (equivalente à R$ 90). Normalmente esta atividade é exercida por palhaços, mágicos e cômicos. O Profissional de Decoração Um profissional de decoração deve ter muito conhecimento de cálculo e um bom senso de custo. As técnicas devem permitir um alto ganho por quantidade de balões, usando as técnicas mais simples, mas que parecem complicadas à vista dos consumidores. As mesmas técnicas devem permitir o uso de grande quantidade de balões para ter maior ganho (quanto mais balões, mais se ganha). Uma flor com 260 pode ser cobrada apenas pelos balões, ou seja, menos de $3 (R$ 5,10) mas deveria custar $10. Esta atividade ganha com Guirlanda, arco, mural e painel. O cliente de decoração O consumidor de decoração compra por referência. Este não sabe ao certo quanto trabalho se exige de uma decoração, e compara a beleza de um com outro. Ao ver um portfólio e depaar com uma linda flor com 260, um boneco (nos EUA, esta peça é ensinada nos congressos de twisting) e um dinossauro, este cliente vai decidir que um arco é horrível e muito caro. Resultado da mistura Os consumidores passaram a rejeitar os principais produtos do decorador que dá ganho e passaram a exigir as peças decorativas de animação. Aumentando substancialmente a mão de obra e reduzindo os ganhos, matando o decorador de balões americano, hoje reduzido a menos de 20% do que era antes, com ganhos insignificantes. Realidade Brasileira Na cidade de São Paulo, desde o início, os antigos decoradores mantiveram os ensinamentos dos primeiros instrutores americanos, e por conta disso dá para se vender muitos arcos com preços que variam de R$ 150 à R$ 220 no mercado de São Paulo. Uma realidade que constatei entre os brasileiros que moram nos Estados Unidos, acostumados com o estilo que matou o mercado americano, continuam a usar esta mistura, e por conta disso, um arco é vendido até mais barato que em São Paulo. O que me preocupa é que este estilo está sendo copiado no Brasil. Hoje os decoradores brasileiros começaram a montar flores com 260, bonecos de personagem, vestidos, etc. Não sou contra estas peças, apenas que deveriam ser destinadas ao mercado de twisting. Estamos correndo um grande perigo com esta mistura. Os decoradores podem deixar de ganhar financeiramente, os congressos poderão sumir, a indústria pode voltar a vender apenas balões de combate, e podemos ceder este mercado de graça para os floristas. Pobre do decorador brasileiro. Hoje, o formador de opinião brasileiro tem muita influência, e a sua responsabilidade é muito grande para conduzir o destino dos decoradores. Esta questão poderia ser abordado com mais frequência entre os iniciantes nesta nossa querida arte com balões. Aos fabricantes de balões também tem muita influência, patrocinando os valiosos eventos com workshop, congressos e feiras. Um novo redirecionamento pode injetar o mercado. Aos organizadores de congressos e seminários. A importância destes eventos é muito grande, e é o principal caminho para redirecionar o mercado.
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