Entrevista : Erlene Schwamborn – A nossa correspondente dos Estados Unidos fala um pouco da sua aventura na terra do tio Sam.


Erlene Schwamborn mora há quase 8 anos na Flórida, morou um ano em Miami, 5 anos em Fort Lauderdale e há dois anos atrás mudou-se para Jacksonville, cidade ao norte da Flórida, divisa com o estado da Georgia. Erlene diz que Jacksonville é uma cidade com estações do ano muito parecidas com as de Porto Alegre, coincidentemente geograficamente também está no paralelo 30 em relação a linha do Equador, porém norte, tem inverno gostoso para se curtir uma lareira e tomar um bom vinho, verão quente e convidativo para se curtir uma praia. Casada há 10 anos com um gaúcho de Porto de Alegre, teve dois filhos nascidos nos EUA, Michael e Nicholas, com idades de 4 e 1 ano. Adora andar de bicicleta e fazer caminhadas, estar em contato com a natureza. Ela diz que é Potiguá de nascimento, Cearense na infância, Piauense na adolescência e Gaúcha de coração e paixão, após muitos anos lá.

Veja a entrevista com exclusividade que concedeu à ESBD :

ESBD - Erlene, o que você faz exatamente nos EUA e como foi parar nesta terra querida?
Erlene - Sou formada em Odontologia, com especialização em periodontia e aqui nos EUA trabalho como "Surgical Dental Assistant" e nos meus "Days Off" e finais de semana me dedico com muito prazer a minha empresa, Funtastik Balloons. Alguns perguntam " De onde veio esse nome?". Queria um nome que expressasse algo FANTÁSTICO e ao mesmo tempo DIVERTIDO, juntei o "FUN"de divertido e o TASTIK de "fantastic", usei o K porque já tinha registro com a letra C, e representa muito bem o perfil do meu trabalho.
Como vim parar na Terra do tio Sam? Na verdade segui o marido, que foi transferido para abrir a filial da empresa da família em Miami. Não foi uma decisão muito fácil, pois tinha recém terminado a pós graduação, teria que desfazer do consultório, dispensar pacientes de anos, mas apostei na minha intuição e hoje não me arrependo.

ESBD - Quando e como você começou a trabalhar com balões?
Erlene - Rsrs... , como muitos do grupo procurando idéias para decorar o aniversário do meu filho. Procurei idéias com balões na internet e achei um site chamado "artesanatonarede", tinha trabalhos passo a passo mostrando como transformar balões em uma linda arte, uma entrevista interessante com o decorador chamado Eduardo Seiti, onde citava fontes de pesquisas americanas, o GBA e vendas de cursos de balões em DVDs...foi assim que VOCÊ, o GBA e os balões chegaram na minha vida! Mas comecei mesmo a trabalhar como decoradora há 1 ano atrás.

ESBD - O que você acha do gosto dos americanos quando pedem uma decoração?
Erlene - Os americanos são muito práticos e normalmente pedem decorações um tanto simples, costumam contratar serviços, na maioria das vezes, com um valor de orçamento pré-estabelecido e costumam valorizar cada "penny" pago pelos serviços, a maioria do povo conhece trabalhos com balões, mas simples, como arcos e colunas. normalmente um simples arco é o suficiente para cumprir o efeito. Apesar da arte com balões ter surgido nos EUA e por ser a terra dos balões, acho que os trabalhos mais sofisticados não são tão divulgados e conhecidos pelos americanos em geral e consequentemente eles não tem como solicitar algo que até então não conhecem, aos poucos espero conseguir mudar essa mentalidade, nem que seja em Jacksonville.

ESBD - Qual é a sua especialidade? Mercado corporativo ou festas de pessoas físicas?
Erlene - Tenho atuado mais em eventos de corporações, pois aniversário de criança aqui é celebrado em redes de "fast food" ou em lugares que costumo chamar de "cassino para crianças", pois só tem jogos eletrônicos e reservam somente 2 horas para o aniversariante com direito a meia dúzia de balões inflados com gás hélio. Aos poucos tem aparecido decorações para casamentos.

ESBD - Nos EUA existe um respeito muito grande entre o fabricante, distribuidor e decorador, onde cada um faz o seu papel. Aqui no Brasil um decorador as vezes distribui, um distribuidor as vezes decora, um fabricante chega a decorar, e decorador compra direto da fábrica. Não existe uma regra. O que você acha disso?
Erlene -- Eu acredito que é importante que cada um faça o seu papel, e que haja respeito pelo trabalho do outro, o investimento e a proposta do distribuidor deve ser respeitados pelo fabricante, o decorador sempre vai tentar adquirir direto da fábrica com o intuito de reduzir seus custos, mas isso na verdade faz aumentar, uma vez que ele elimina o distribuidor que basicamente é quem sustenta a fábrica e muitas vezes é quem absorve o encalhe, assim a fábrica passa a vender em menor quantidade para mais gente, mas em menor volume num mesmo período de tempo, além de agregar mais mão de obra em cada pedido, logo terá aumento de custos e vai repassar isso ao valor do produto, aumentando o custo p/ o decorador.

ESBD - Um evento brasileiro em média é organizado em cima da hora, os balões são solicitados no dia anterior do evento. Os fabricantes e distribuidores reclamam que os decoradores acostumam mal os seus clientes, mas faz parte da cultura brasileira de desorganização. Como são os eventos nos EUA?
Erlene - Geralmente o cliente entra em contato muitos meses antes do evento, por exemplo estou trabalhando num projeto de decoração para um evento que vai ocorrer em Novembro desse ano, já teve casos de pedirem para a semana seguinte mas até agora não tive pedidos para o dia seguinte, a não ser que seja um bouquet de balões.

ESBD - Que marcas você utiliza nos seus trabalhos?
Erlene - Utilizo praticamente só os balões da Qualatex para fazer minhas decorações, eventualmente da Betallatex, tenho usado outras marcas para testes de trabalhos.

ESBD - Você utiliza algum material proveniente do Brasil nos seus trabalhos?
Erlene - Utilizo o inflador da Bonus, que por sinal é muito eficiente e leve para carregar e também estou planejando trabalhar com os balões da Plasbol.

ESBD - No Brasil é comum encontrar nas festas peças de isopor ou fibra com forma de personagens licenciados, o que fere os direitos autorais da marca, já que não se pagam licenças por estas peças. Como os decoradores nos EUA lidam com estes temas? Ocorre o mesmo que no Brasil?
Erlene - Aqui nos EUA o americano normalmente não fabrica artesanalmente o personagem licenciado, geralmente quando se utiliza um tema licenciado, personagem feitos em isopor ou qualquer outro material é comprado dos fabricantes que possuem a licença para comercializá-los.

ESBD - Na cultura americana, o sentimento que os outros ganhem é quase uma questão de ética. No Brasil é comum ouvir algo como " .mas aí ele vai ganhar?". Você sentiu alguma diferença cultural com o relacionamento de trabalho?
Erlene - Sim, enorme. Aqui nos EUA não somente se incentiva que todos ganhem para manter o mercado como ainda se dá uma "tip" ( gorjeta), para um trabalho bem feito, e isso já ocorreu até comigo nas decorações com balões.
As parceiras de trabalho são bastante comuns e muito importantes, tenho feito parcerias com outros profissionais e empresas de eventos que repassam o cliente ao invés de me subcontratarem e cobrarem em cima do meu trabalho, dessa forma cada um faz a sua parte sem encarecer para o cliente contratante.

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